Abundância, segundo Diamandis & Kotler
O que é abundância para você? E o que seria um mundo abundante?
Segundo o dicionário, a palavra provém do latim abundantia e se refere a uma grande quantidade de algo, podendo ser usada como sinônimo de prosperidade, riqueza ou bem-estar.
No livro “Abundância: o futuro é melhor do que você imagina”, Peter H. Diamandis & Steven Kotler dão a ela o significado de “proporcionara todos uma vida de possibilidades”, ou seja, a satisfação das necessidades básicas, permitindo assim a criação de um mundo em que os dias podem ser dedicados a sonhos e realizações, em vez da luta pela sobrevivência. A abundância é otimista, sempre nos remete a possibilidades, prosperidade, acreditarem um fluxo de desenvolvimento, inovação e, principalmente, compartilhamento.
Os autores afirmam que estamos vivendo um período de abundância, e que a tecnologia está nos ajudando a dar saltos substanciais na qualidade de vida. Segundo eles, a escassez é contextual, pois a tecnologia é um mecanismo liberador de recursos que pode transformar o outrora escasso no agora abundante. O problema, portanto, não é escassez, mas acessibilidade.
Podemos até duvidar disso porque, de forma geral, tendemos a ler e entender o contexto pela ótica pessimista. Embora grandes obstáculos existam, o progresso continua – em meio a épocas boas e ruins.
Recriação
Diamandis e Kotler tomaram por base as pesquisas de Daniel Kahneman, cientista comportamental, vencedor do Nobel de Economia, em 2002. Seus estudos mostraram que o homem é programado para agir instintivamente, a despeito de sua capacidade técnica, demonstrando um comportamento aparentemente irracional na gestão do risco. A evolução moldou o cérebro humano para ter uma consciência aguda dos perigos potenciais. Evoluímos de um mundo local e linear, para um global e exponencial.
Sob essa perspectiva, portanto, é possível recriar o mundo nos próximos 25 anos. Mas,para tanto, teremos de superar barreiras psicológicas, como pessimismo, ceticismo e outras muletas do pensamento contemporâneo que nos impedem de acreditar na abundância.
Teremos de entender como o cérebro molda crenças e como essas crenças, por sua vez, moldam a realidade.
O desejo de melhorar o mundo baseia-se em parte na empatia, altruísmo e compaixão e estes comportamentos pró-sociais estão sendo gravados no córtex pré-frontal, de evolução recente (ainda que mais lenta). Assim, e por meio da vastidão tecnológica, superaremos a escassez que domina o mundo desde os primórdios e adentraremos um período de transformação radical.
Saiba que a abundância para todos está ao nosso alcance.

Nesse contexto, então, devemos perceber a abundância como uma vida de possibilidades, em que todos terão condições mínimas de sobrevivência básica, com acesso à água, comida e moradia; desta forma, poderemos investir em realizações pessoais.
Aqui, Diamandis e Kotler remetem a Maslow, com sua teoria das necessidades, para criara própria pirâmide e ilustrar esta tese. Maslow foi um dos primeiros pesquisadores a analisar não só os problemas psicológicos, como também os sucessos do ser humano. Ao observar o desempenho superior de alguns, enquanto outros fracassavam, criou a pirâmide com a hierarquia de necessidades. Nela, as mais básicas estão na primeira camada (por exemplo: água, comida, sono); em seguida, e em estratos sucessivos, as necessidades de segurança, social, de autoestima e, por último, a de auto realização, que envolve crescimento e realização, alcançando pleno potencial.
Para criar abundância global, Diamandis desenvolveu uma pirâmide com três níveis. Em sua base, necessidades como água, alimento e abrigo suficientes. No nível intermediário, a energia abundante (meios para realizar o trabalho), oportunidades educacionais amplas (permitir que os trabalhadores se especializem), acesso à comunicação e informações globais (promover a especialização e o intercâmbio de especialidades). Por fim, no último nível, liberdade (política anda de mão dada com o desenvolvimento sustentável) e saúde (diagnóstico e distribuição de medicamentos).
O que já está sendo feito

Água: Há diversas iniciativas ao redor do mundo focadas neste problema. Por exemplo: a IBM está trabalhando em vários projetos, inclusive analisando os mananciais da Amazônia. Por meio da irrigação auxiliada por computadores, chamada agricultura de precisão, será possível otimizar e expandir a produção agrícola. Ademais, a nanotecnologia tem colaborado para encontrar o melhor meio de se obterá dessalinização da água. E a fundação Bill & Melinda Gates tem investido bilhões para encontrar soluções para o saneamento básico, como alternativas para a água corrente utilizada em sanitários e meios para tornar dejetos humanos inofensivos e transformá-los em energia.
Alimentação: A ONU calcula que 925 milhões de pessoas não têm comida suficiente – seja por problemas na produção e/ou na distribuição. Para resolver o problema da distribuição, a humanidade tem recorrido à engenharia genética, biologias intética, policulturas perenes e também a mudanças de conceitos, como plantações verticais e hidropônicas, que consomem bem menos terra e água, além de serem imunes ao clima e produzirem o ano todo.
Ferramentas de Cooperação: “Do-It-Yourself”, processo que teve início nos anos 60 nos Estados Unidos, pautado pelo lema de que “se as pessoas tiverem a ferramenta certa, serão capazes de mudar o mundo”. Esta ideia abrange desde reformar sua própria casa até o empreendedorismo social.
Tecnofilantropia: Tecnologia aliada à filantropia, compondo uma força significativa pró-abundância. São os idealistas munidos de tecnologia, que se preocupam com o mundo de uma forma totalmente nova. Acreditam que o mesmo pensamento de alta alavancagem e as mesmas práticas eficientes dos negócios podem também promover o sucesso filantrópico.
Energia: Para Diamandis & Kotler, esta é possivelmente a mais importante base da abundância. Com ela, resolve-se a questão da água e a maioria dos problemas de saúde básicos, além de facilitar a educação que, por sua vez, reduz a pobreza. São interdependências profundas, como podemos ver.
Educação: Caminhamos para o topo da pirâmide. Segundo os autores, o sistema educacional atual foi forjado na revolução industrial – a padronização era a regra; estudantes da mesma faixa etária recebiam os mesmos materiais e eram avaliados de acordo com as mesmas medidas de sucesso; escolas se organizavam como fábricas (herança que se reproduz ainda hoje, em escolas que enfatizam a conformidade, matando a criatividade e esmagando os talentos). É necessário inventar soluções para esta área, que abarquem tecnologia: o aumento da conectividade sem fio, já existente para 50% do mundo e aumentando; computadores acessíveis; métodos por meio de jogos educacionais, que têm se demonstrado mais eficazes e envolventes. E a Inteligência Artificial, fazendo com que “o aprendizado se dê em tempo real, embutido na tessitura da vida diária e disponível a pedido, conforme necessário. As crianças continuarão se reunindo entre elas e com professores humanos para colaborarem em equipes e aprenderem habilidades sociais, mas fundamentalmente com a tecnologia, o paradigma da educação mudará substancialmente”.
Saúde: A medicina previsora, personalizada, preventiva e participativa está em período de transformação explosiva. Embora os países ricos já estejam focando suas preocupações na melhoria da qualidade de vida durante o processo de envelhecimento, nas regiões mais pobres as necessidades ainda são bastante básicas: faltam mosquiteiros, medicamentos, vacinas e, em muitos casos em que os remédios já existem, falta infraestrutura. Uma série de programas educacionais habilitados por celular pode ajudar substancialmente a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.
Liberdade: Liberdade econômica e política, direitos humanos, transparência, livre fluxo de informações, liberdade de expressão e capacitação do indivíduo – todos estes são caminhos de abundância.
“A liberdade é uma ideia e acesso a ideias; é um estado de ser, um estado de consciência e um modo de vida.”
Motivadores e caminhos para a inovação
Diamandis & Kotler apontam quatro grandes motivadores para a inovação:

Curiosidade que é poderosa, e alimenta várias disciplinas, entre elas a ciência; o Medo permitindo que se corra riscos extraordinários; o Desejo de criar riqueza demonstrado pelo apoio a várias ideias, sabendo que 90% falharão e uma será um sucesso estrondoso; e por fim, o Desejo de dar sentido, promovendo a percepção de que nossa vida importa, impulsionando a necessidade de fazer a diferença no mundo.
O livro, em sua maior parte, explora como a combinação de colaboração e tecnologia exponencial pode conspirar para melhorar o mundo, com produtos, bens e serviços – no curto prazo, aumentam os padrões de qualidade devida; no longo prazo, abrem caminho para possibilidades de expansão ilimitadas. Sua leitura pode trazer diferentes perspectivas e reflexões, mas a provocação acerca dos nossos paradigmas, principalmente sobre o da escassez, está constantemente presente.
E você, tem atuado e até projetado o futuro com base nas limitações atuais ou tem estruturado seu pensamento para um mundo com cada vez mais possibilidades?
Aproveite para ler outros artigos que colaboram com ferramentas e métodos para expansão da consciência e da criatividade, como: O Futuro, de trás para frente https://www.arquiteturarh.com.br/post/o-futuro-de-tras-para-frente.
Saiba mais em:
DIAMANDIS,Peter. (2012). TED Talk: “Abundância é nosso futuro”. Disponível em: https://bityli.com/9iSiF
DIAMANDIS, Peter H. & KOTLER, Steven. (2019). Abundância: o future é melhor do que você imagina. Rio de Janeiro: Alta Books.


























































O primeiro Diagrama “de Gantt” surgiu na década de 1890, criado pelo engenheiro polonês Karol Adamiecki. Responsável por uma indústria especializada na laminação de aço, ele se interessava bastante por questões relacionadas à gestão e técnicas de produtividade. E foi a partir desse contexto que desenvolveu uma forma de representar processos interdependentes, capaz de dar mais visibilidade aos cronogramas de produção. Seus primeiros artigos foram publicados entre 1903 e 1909. Em russo. Na época – e talvez ainda hoje – esse idioma tinha pouco apelo (além de intérpretes e tradutores) no mundo Ocidental e, por esta razão, não chegaram a ser difundidos fora do círculo russo e polonês.


























































































