O mundo se globalizou e nós nos conectamos. Esse movimento de aproximação digital entre povos e culturas tão diversos evidenciou gaps de nosso repertório e a interdependência que existe entre os ecossistemas, tanto humanos quanto do meio ambiente. Assim, e cada vez mais, o trabalho colaborativo transforma-se em habilidade fundamental para o autodesenvolvimento e, especialmente, para a criação de soluções capazes de atender às demandas do contexto em que vivemos.
Colaboração é uma jornada de aprendizagem: traz diferentes perspectivas, potencializadas pelo histórico – educacional, social, cultural, familiar etc. – e experiência de cada um, além de servir como forte elemento de motivação em prol de um objetivo em comum. E embora tenha se tornado uma espécie de chavão corporativo, a colaboração permeia relações humanas de formas profundas; compreende um dos principais alicerces do novo modelo de trabalho em que áreas, departamentos e pessoas dependem cada vez mais umas das outras – seja no processo criativo, seja na operacionalização dessas ideias.
Tempos atrás, liderei um projeto de TI que buscava criar um modelo sistêmico para as operações financeiras do cliente. Idealizado e iniciado no Brasil, ele seria posteriormente replicado para as outras unidades de negócio mundo afora. Por conta disso, e considerando-se também a complexidade e o prazo da demanda, tivemos de coordenar esforços com um time internacional, a fim de estabelecer uma dinâmica de trabalho praticamente ininterrupta, que se beneficiava das diferenças de fuso horário entre os países para tal.
Assim, construímos um modelo colaborativo baseado nos quadros de organização e priorização de atividades (o famoso Kanban, mas aqui em sua versão digital no Trello[1]), além da estratégia de gestão à vista. Com ele, times de desenvolvimento e negócio alocados no Brasil e na Índia se completavam para solucionar problemas e promover um processo assistido de melhoria contínua. As escalas de trabalho eram ajustadas ao fuso horário de cada país e isso, de certa maneira, criava um ciclo: quando o time brasileiro estava encerrando seu expediente já era praticamente início para o time indiano, e vice-versa. Essa estrutura foi otimizada com dois pontos de verificação diários, um em cada troca de turno, realizados por meio de uma espécie de reunião rápida – cerimônia de framework ágil em que cada membro da equipe responde a três perguntas: (1) o que fiz ontem, (2) o que vou fazer hoje, e se (3) há algum impedimento à realização do meu trabalho, em no máximo 15 minutos. Dessa forma, os times podiam se atualizar sobre o andamento das atividades, eventuais problemas que ocorreram, linhas de solução adotadas e, principalmente, a priorização de tarefas a ser seguida, de acordo com a necessidade operacional do cliente.
A colaboração, neste caso potencializada pelo Trello, foi fator crítico para o sucesso do projeto, porque permitia a identificação precisa da sequência de entregas, os responsáveis por cada uma delas e, sobretudo, a troca de informações, experiências e ideias de grupos de profissionais que precisavam atuar de maneira coesa.
Pensando no momento atual, e a consequente necessidade de realizar uma mudança acelerada para ambientes virtuais, promover a colaboração de times fisicamente distantes e, mais do que isso, manter seu entrosamento, motivação e alinhamento, bem como a qualidade das entregas, é crucial para fazer frente aos desafios estratégicos de cada empresa. Sob a ótica dos colaboradores, também é importante aprender – e se permitir – ser ajudado em momentos de dúvida, estagnação ou até para discutir ideias de atuação. Afinal, somos seres sociais, que se desenvolveram e se estenderam ao longo dos séculos através do apoio mútuo – dar e pedir ajuda está em nossa essência, e devemos transformar essa nossa característica no fundamento essencial para construção dos novos modelos de trabalho que virão após os tempos de crise.
[1] Aproveito para convidá-los(as) a acessar nosso tutorial sobre essa ferramenta aqui.