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Quem canta seus males espanta

Adoro os livros, os cristais, a natureza em todas as suas formas de vida, e também adoro as palavras, que aqui estão em forma de músicas. Uma amiga, que tem uma voz forte, canta em Karaoke e alegra muitas pessoas. Eu, em contrapartida, tenho uma voz aguda e canto o dia todo, só para mim. Se não estou trabalhando, estou cantando baixinho, ou até mesmo mentalmente e adoro cantar enquanto cuido do jardim, da casa ou dirijo. Vou ligando uma música a outra, como se fosse um longo colar de contas.

Adoro pensar na beleza das palavras que as músicas têm e com isto, vou cantando “os poemas”, como “Abracei o mar, na lua cheia, abracei o mar. Escolhi melhor meus pensamentos, pensei. Abracei o mar e nada pedi, só agradeci.”

Destas lindas palavras de Maria Bethânia eu rapidamente mudo para o poema de Luis Vieira (1928-2020) – A Paz do meu amor, e canto “Você é isto, uma beleza imensa. Toda a recompensa de um amor sem fim. Você é isto, uma nuvem calma, no céu de minh’alma, é ternura em mim…”

Depois o tempo é o tema que me enfeitiça, cantado por Nana Caymmi na música Resposta ao Tempo, assim: “Ele (o tempo) ri, diz que somos iguais , se eu notei. Pois não sabe ficar e eu também não sei.”

O tempo ainda me traz lembranças daqueles que não estão mais perto de mim, vivos ou não, e canto Naquela Mesa, de autoria de Sérgio Bittencourt (1941-1979): “Naquela mesa ‘tá faltando ele e a saudade dele ‘tá doendo em mim.”, mas sempre pensando nos momentos felizes que tivemos juntos.

Em seguida, viajo na letra de Viagem, de Paulo Cesar Pinheiro, cantada por várias vozes. “ Oh, tristeza me desculpe, estou de malas prontas. Hoje a poesia, veio ao meu encontro, já raiou o dia, vamos viajar.”

E continuo a viagem em O trenzinho do caipira, música que Boca Livre cantou para mim inúmeras vezes. “Lá vai o trem com o menino. Lá vai a vida a rodar.”

Neste momento chego ao Rancho Fundo, com Chitãozinho e Xororó cantando assim: “ No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo, onde a dor e a saudade, contam coisas da cidade…”

Mas, como a natureza me encanta, também vou lá no alto em Voarás, de Paulinho Pedra Azul: “Todo mundo quer voar, nas costas de um beija-flor. Todo mundo quer viver de amor, mas nem tudo é só querer.” E chego a sentir o perfume da rosa em Rosa, de Otavio de Souza e Pixinguinha (1897-1973), que diz assim: “Tú és, divina e graciosa, estátua majestosa, do amor, por Deus esculturada…”

Com grande frequência, a fé vem me intuir e canto Calix Bento, me lembrando de um show de Milton Nascimento, que assisti em praça pública, em Tiradentes MG. “Oh Deus salve o oratório, oh Deus salve o oratório, onde Deus fez a morada, oiá meu Deus, onde Deus fez a morada, oiá.”

Ainda com muita fé, chega Fran, neto de Gilberto Gil, e cantamos Leve Axé: “Independente da fé, leve com a gente o Axé, independente de onde você vá. Leve Axé! E assim eu vou cantar, jogar Axé pro mundo!”

Não poderia deixar o amor de lado, então Cidade Negra, na música A Sombra da Maldade é a próxima conta do meu colar de maravilhas: “Permita que o amor invada sua casa coração, que o amor invada sua casa coração!”, frase que foi bordada pela minha filha para que eu pendurasse na minha parede de mensagens.

O amor traz Luis Vieira de volta com Prelúdio para Ninar Gente Grande. A encantadora letra diz assim: “No calor do teu carinho, sou menino passarinho, com vontade de voar!”

A coragem é cantada, sim! E a ouço na voz de Maria Bethânia em Tatuagem, com estas palavras: “Quero ficar no teu corpo feito tatuagem, que é pra te dar coragem, pra seguir viagem, quando a noite vem.”

Após cantar tantas maravilhas, a paz e a alegria invadem minha mente e Gilberto Gil volta com A Paz: “A paz invadiu o meu coração, de repente me encheu de paz…” e sigo com O que é, o que é?, de Gonzaguinha (1945-1991): “eu fico com a pureza das respostas das crianças, é a vida, é bonita e é bonita! Viver, e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz…”

E como um eterno aprendiz eu me lembro de uma frase de Ray Charles (1930-2004): “A música faz parte de mim e tem que ser removida de mim cirurgicamente.”

Bem, eu poderia continuar escrevendo folhas e folhas, já que cantar espanta os males porque enquanto cantamos, deixamos de nos pré-ocupar com infinitos assuntos que nem mesmo acontecerão, mas estes dois trechos que seguirão serão inspiração para todos nós:

Samba da Benção de Vinicius de Moraes (1913-1980): “É melhor ser alegre que ser triste, a alegria é a melhor coisa que existe, ela é assim como a luz no coração!” e a última linha da música Diariamente, de Nando Reis: “Para você o que você gosta, diariamente!”.

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Sonia Regina Barros

Sonia Regina Barros

Intenciona levar as pessoas a repensarem as crenças relacionadas ao aprendizado que as limitam nesta caminhada, fazendo-as notar cada passo dado rumo à mudança e ao crescimento.

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