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Coerência de dentro para fora

Já procurou o significado de coerência no dicionário? Aqui vão dois deles, que considero incompletos quando aplicados ao ser humano: ligação de um conjunto de ideias ou de fatos cujo resultado é lógico, característica daquilo que tem lógica e coesão; nexo.

Quando penso em coerência, o que me vem à cabeça é a palavra “integridade”. Explico, mais uma vez, com o auxílio do dicionário: integridade: condição do que está inteiro; qualidade do que não foi alvo de diminuição; inteireza.

A coerência pede essa inteireza, a coesão não apenas dentro do contexto do raciocínio lógico, mas também com os nossos sentimentos. Ela não admite nenhuma diminuição: um lado não pode subtrair o outro. A coerência pede que tenhamos presença plena em tudo o que fazemos e a consciência de que o que falamos e fazemos tem que soar em uníssono.

A coerência é um dos valores da empresa que fundei, cuja descrição é: “Praticar o que se fala, ainda que cochichando, mesmo no escuro, quando ninguém estiver olhando.”

Em mais de 30 anos conversando com profissionais sobre suas práticas e condutas, pude identificar como nem sempre o que se fala é praticado. Somos convidados, todos os dias, a gerenciar nossa imagem no trabalho como um estandarte de competência; nas redes sociais, como pessoas bem-sucedidas, realizadas e felizes, dentre outros papéis que desempenhamos na vida.

 

No meu ponto de vista, a coerência é uma conquista, uma construção que cada ser humano é convidado a fazer todos os dias.

Certa vez ouvi uma frase de um colega de trabalho: “A boca fala do que está cheio o coração” – e ela me acompanha desde então. Só muito tempo depois descobri que é bíblica… Mas confesso, nem sempre falei do que meu coração estava cheio porque, como muitos de minha geração, fui criada para atender o mundo de fora deixando de lado o de dentro. Lá se vai a coerência, não é mesmo?

O que falo como profissional de desenvolvimento junto àqueles que passam por mim vem diretamente de meu coração, porque acredito em tudo o que falo. Isso não quer dizer que seja fácil praticar. Tenho sorte de contar com pessoas que trabalham para que todos do time possam estar inteiros. Tenho sorte de ter um companheiro que me questiona todos os dias. A conexão é poderosa e ao mesmo tempo que nos desafia, nos potencializa.

Como seres em constante desenvolvimento, vamos avançando, ressignificando crenças, ampliando a consciência. Sabe o que é o ponto alto disso tudo? É que a partir do entendimento de que todos somos vulneráveis e que não há nada de errado em abraçarmos nossa vulnerabilidade nós estamos mais inteiros, mais conectados e mais coerentes, prontos para seguir aprendendo.

Me peguei pensando em como terminar este artigo – sabe aquele desejo de gran finale? Bobagem. Aqui dentro de mim tenho a certeza de que o que escrevi me soa muito coerente! Sabe por quê? Porque escrevi isso inteira, de cabeça, corpo e alma. Mas… não resisto a uma frase final:

“Seja coerente com o que nutre sua alma e faça mais do que te faz feliz”.

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Claudia Serrano

Claudia Serrano

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