Não faz muito tempo que presenciei algo bem interessante quando estava sentada numa praça de uma cidade do interior de São Paulo.
Eram três rapazes, entre 16 e 18 anos, que após comerem seus lanches, resolveram fazer bolas de papel com a embalagem e jogar basketball no cesto de lixo da praça.
O primeiro errou e disse: “Ah! Mas este cesto de lixo tem a boca pequena!”
O segundo acertou e celebrou com pulos de alegria.
E o último rapaz também não encestou e disse que tinha errado porque a bola era leve. Eu, sentada lá por perto, pensei no ditado árabe que um dia ouvira: “Quando o arqueiro erra o alvo, não deve culpar a flecha, mas sim, melhorar sua pontaria”.
Naquele momento eu vi a “bola flecha” e o “cesto flecha”!
Podemos e devemos continuamente melhorar nossa “pontaria” (performance / desempenho / entrega), concordam?
Podemos nos questionar sobre o que fazemos e como fazemos o que fazemos, e pensar em como melhorar, através de várias ações como estudos, pesquisas, leituras, conversas…
Dar sempre o melhor de nós é algo muito importante, assim como fazer tudo com o coração, tendo em mente que pessoas que sabem mais ou menos do que nós também existem, nos dando a chance de aprender e ensinar.
No livro “Mandalas 0 formas que representam a harmonia do cosmos e a energia divina”, de Rüdiger Dahlke, há uma linda reflexão sobre a perfeição.
Dr. Dahlke, um médico, nos ensina que é tradição entre os índios inserir intencionalmente pequenas falhas nas suas mandalas, já que a perfeição só cabe a Deus.
Segundo ele, as tapeceiras turcas também têm a “falha intencional”, como ele as chama, em suas peças, pela mesma razão.
Dr. Dahlke ainda nos ensina que “uma “falha” é algo que falta e, assim, os índios e os turcos são mais fiéis à significação original; com o seu gesto, mostram que falta
algo às suas criações, pois a perfeição eles só veem em Deus.
Grande exercício de humildade!
Talvez, em nossos meios tão competitivos, essa “falha intencional” seja algo impensável ou inadmissível/descabido.
Bem, fica aqui um convite à reflexão sobre a perfeição, que começou com arqueiros e acabou com índios, tapeceiras e humildade.