É momento de voltarmos nosso olhar para o impacto de nossas atitudes nos contextos em que estamos inseridos, bem como o impacto dos contextos em nossas vidas. Percebemos certa tensão nesse momento de grande importância para o nosso país. Relações estremecidas entre familiares, amigos, colegas de trabalho. Polarizações de todos os tipos, fake news, ânimos inflamados e pouco respeito e tolerância.
A partir da nossa história de vida, das referências e influências que tivemos, vamos constituindo nossa “visão de mundo” que é sempre pautada por opiniões que nos levam a tomar diversas decisões. É arriscado julgar alguém que tem uma opinião diferente da minha sem levar em consideração os motivos que fizeram com que essa pessoa pensasse, sentisse e agisse daquela maneira. É sempre libertador pensar que eu não preciso concordar com as pessoas, mas a partir do exercício da empatia, eu posso compreendê-las. E, ao compreender alguém, mesmo que não se concorde, passamos a ter uma conexão genuína com o outro e criamos um ambiente emocionalmente seguro e favorável ao diálogo. Mary Gordon, uma empreendedora social que tem um programa em escolas do Canadá para diminuir o bullying por meio da empatia, nos apresenta a seguinte definição:
A empatia tem dois lados: o lado racional, que é a tomada de perspectiva do outro. E o lado emocional, que torna possível ser eticamente cuidadoso com essa relação.
A ética do cuidado gera reciprocidade e a reciprocidade gera confiança. Ao invés de intolerância, poderíamos buscar a compreensão. Ao invés da polaridade, partirmos do pressuposto que nem tudo é somente bom ou ruim, certo ou errado, que existem formas diferentes de se ver a mesma coisa e que podemos ter aspectos interessantes e não interessantes nas duas perspectivas. E que, talvez, o melhor de cada uma poderia nos trazer uma terceira perspectiva, mais consciente, mais sustentável, porém conectada a um único propósito. Se conversarmos com a maioria dos brasileiros, talvez exista uma convergência em relação ao futuro que queremos. A decisão da escolha é eminente, todos nós deveremos fazer quando escolhemos ir às urnas. Vivemos em uma democracia e vencerá a escolha da maioria. Seremos governados por essa escolha, sendo ou não minoria. A provocação aqui é a de que, se formos minoria, que sejamos uma minoria respeitosa à escolha da maioria, que empreendamos nossas intenções e ações para o propósito de um país melhor. Que passemos a torcer para que o lado escolhido tenha consciência para conduzir suas ações. O equilíbrio sempre será importante, assim como a flexibilidade para visitar outros pontos de vista.
Pode até ser que a sua escolha não seja a da maioria, que você tenha divergências sobre uma ou várias formas de se conduzir importantes assuntos. E aí está então a oportunidade de uma escolha consciente: fazer uma oposição equilibrada, com respeito, diálogo e tolerância, podendo trazer importantes contribuições para as decisões que influenciarão cada um de nós.
Por um Brasil melhor, com respeito, tolerância e diálogo.