Curiosos (e apaixonados!) pela visão de jovens líderes, promovemos frequentemente com grupos desse perfil experiências vivenciais, reflexões e rodas de diálogos. Um recente exemplo foi o convite para mediar o encontro Conexão do Bem, liderado pelo executivo Ricardo Ogawa, Country Manager do laboratório farmacêutico Shire. O grupo, composto por jovens executivos de várias empresas, se reúne quatro vezes por ano para discutir os desafios contemporâneos e as atitudes necessárias para gerar mais sustentabilidade nas relações que estabelecemos com o trabalho.
Confesso que sempre me impressiono com as convicções dessa geração de líderes. Os comportamentos e valores para eles essenciais a futuras lideranças não são os mesmos que seriam mencionados em tempos não tão distantes.
Quais são as consequências dessa mudança de necessidades? Ao que as empresas devem estar atentas? Como potencializar essas características dentro da visão de negócio? Talvez as respostas não sejam tão simples e exijam uma pitada de experimentação dentro dos novos modelos.
Abaixo listo os comportamentos e valores mais mencionados por jovens líderes durante os encontros que promovemos.
AS 5 MAIORES NECESSIDADES DAS LIDERANÇAS JOVENS
AUTOCONHECIMENTO
O termo e sua importância não deixam de ser mencionados em nenhum encontro. Isso porque, na visão dos jovens, quanto mais ampliada a consciência, maior é a compreensão das nossas responsabilidades sobre os fatos. Quando atribuímos a responsabilidade para o outro, ficamos muito menos “empoderados” acerca das mudanças que precisamos empreender para realizar os nossos desejos e objetivos. Eles concluem que muitas lideranças agem inadequadamente por não terem tido a oportunidade de enxergar os fatos sob uma ótica mais ampliada ou mesmo pelo fato de se prenderem a crenças que já foram potencializadoras no passado, mas com a mudança de contexto, passaram a ser limitantes. Ao assumirmos mais as responsabilidades, passamos a ter mais atitudes sustentáveis para as nossas vidas, diminuindo a nossa tendência julgadora ou mesmo de nos percebermos no lugar de “vítimas”.
PROPÓSITO
O que te move? A necessidade de uma conexão genuína com algo maior para motivar e inspirar a execução das atividades, seja dentro de uma organização ou no cotidiano. Como cita Viktor Frankl, “quem tem um porquê, pode suportar qualquer como”. Recentemente durante um projeto para uma fabricante japonesa de automóveis, ouvimos de um colaborador da inspeção final, área responsável pela revisão de todos os detalhes do carro antes que saia para testes e seja enfim repassado ao consumidor: “Minha área é muito importante. Se eu não identificar um parafuso mal apertado, posso matar uma pessoa. A minha função salva vidas.” Isso é propósito.
COERÊNCIA
Incoerência não mobiliza, ou seja, a liderança pelo exemplo é essencial. Essa é aquela liderança que não se constrói com discursos, mas com atitudes. Deve-se tomar cuidado com atitudes impulsivas, pois podem trazer um impacto negativo para os contextos. É necessário fazer mais pausas, respirar mais, sair do trem bala que a vida nos coloca. Processar e questionar o que vem de fora.
AMBIENTE EMOCIONALMENTE SEGURO
Com medo não é possível obter equipes criativas, produtivas e com resultados sustentáveis. Abrir espaço para a autenticidade e criatividade é fundamental. Precisamos eliminar os escudos, eles não constroem o futuro desejado. Sem escudos, é possível que exista mais conexão. Nesse sentido, postura assertiva é fundamental: afugentar os receios de dizer a verdade e suas intenções, desde que seja com respeito e cuidado.
DIÁLOGO INTER-GERAÇÕES
A troca entre gerações traz riqueza de perspectivas para equipes. Os jovens trazem os ares da inovação, da velocidade de mudança que, atreladas à experiência e prudência das gerações anteriores são direcionadas para decisões mais assertivas.